Interferência da oclusão (mordida) nos problemas de dores da face

Interferência da oclusão (mordida) nos problemas de dores da face

Interferência da oclusão (mordida) nos problemas de dores da face

Os estudos na área de dores orofaciais são muito novos, ao contrário de outras áreas da odontologia, que já possuem conhecimentos bastante consagrados. Muitas das informações que se consideram hoje como verdades podem estar sendo consideradas, amanhã, como obsoletas.

 

Uma das grandes discussões dentro da odontologia é se a presença ou ausência de dentes pode acarretar em problemas articulares e/ou musculares, as chamadas Disfunções Têmporo Mandibulares (DTM).

 

Estudos recentes indicam que a presença ou ausência de dentes, assim como o seu mau ou bom posicionamento não interferem nos problemas de dores orofaciais e do bruxismo.

 

Uma das explicações desta teoria diz que a faixa etária que apresenta maior quantidade de pacientes com bruxismo e/ou com dores orofaciais está entre os 30 e 50 anos de vida. Porém, se considerarmos que os pacientes idosos são os que apresentam pior posicionamento dental ou mesmo ausência de vários dentes, seria correto presumir que estes pacientes deveriam apresentar maior quantidade de alterações na articulação ou na musculatura facial. Porém, não é isto que acontece.

 

Os estudos mais recentes indicam que o maior causador de problemas de dores faciais e/ou bruxismo é o estado emocional alterado, seja por ansiedade, seja por depressão ou outros.

 

O fato é que nossa musculatura estriada (aquela que temos sob nosso controle) recebe os impulsos do nosso sistema nervoso central, e esta passa a contrair-se de forma desordenada, por muito mais tempo (quantidade) e com muito mais intensidade (qualidade). Esta contração descontrolada pode ser feita enquanto estamos acordados (bruxismo em vigília) ou enquanto estamos dormindo (bruxismo do sono). Isto leva a trincas e fraturas (quebras) dentárias, retrações de gengiva, sensibilidade generalizada nos dentes, desgaste na superfície mastigatória dos dentes, etc.

 

Muitos pacientes nos procuram, indicados por outros profissionais, para “arrumar os dentes”, com o objetivo de controlar o bruxismo ou as dores faciais. Certamente que ajustes de erros de mordida considerados grosseiros podem melhorar a contração muscular (dentes que “tocam antes dos outros” hiperestimulam a musculatura mastigatória). Mas nossa intervenção nos dentes não vai muito além deste ajuste oclusal. Para melhor controlar esta contração muscular involuntária, nosso foco passa a ser na musculatura facial e no estado emocional do paciente. O profissional tem condições de atuar na musculatura facial, alterando suas ligações iônicas, diminuindo sua contração. E também é necessário um equilíbrio emocional para que a musculatura facial entre em estado de repouso. Neste caso, há a necessidade de contarmos com a ajuda de um profissional psicólogo e/ou psiquiatra.

 

Como dito no início, por desconhecimento, mesmo entre os cirurgiões dentistas, considera-se que correções na mordida podem resolver o problema de contrações involuntárias da musculatura mastigatória. Ter como verdade que ajustar a mordida elimine estas contrações musculares pode gerar uma falsa expectativa de resolução do problema, que certamente irá resultar em múltiplas frustrações por parte do paciente. Além disto, grandes correções de mordida apresentam um custo elevado, o que faz com que o paciente fique ainda mais ansioso, aumentando o problema.
Muitas vezes, o melhor tratamento é o mais simples, gerando os maiores benefícios à saúde e ao bolso do paciente.

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