Um sorriso atraente e estético depende de uma adequada proporção entre dentes, gengiva e lábio. Ao sorrir, o lábio superior deve mostrar em torno de três milímetros de gengiva. Exposição maior que isso é conhecido como sorriso gengival. Existem vários fatores que, tanto individual como combinados, podem provocar a excessiva visibilidade do tecido mole:
Lábio superior curto
Hipomotilidade labial (movimentação excessiva do lábio)
Erupção dental passiva alterada (os dentes não “nasceram” suficientemente)
Extrusão dentoalveolar anterior (todo o conjunto dental e ósseo, da região anterior superior, está projetado para frente)
Desenvolvimento vertical excessivo da maxila superior (crescimento ósseo da região anterior superior excessivo)
A prevalência do sorriso gengival nas mulheres é cerca de duas vezes maior que em homens. Para algumas pessoas, o sorriso gengival representa uma desordem estética muito grande, chegando a afetar a auto estima, enquanto outras não se incomodam com a exposição gengival exagerada ao sorrir. O tratamento adequado depende da correta identificação da causa. A escolha de diferentes opções de tratamento deve ser realizada levando-se em consideração os seguintes parâmetros estéticos e funcionais:
Exposição dental em repouso e durante sorriso – Os dentes aparecem mesmo quando o lábio superior está em repouso? E quando está num sorriso médio? E quando está num sorriso “forçado”?
Posição da borda incisal em relação ao lábio inferior – Quando o lábio inferior está em repouso, ele “toca” no dente superior? E quando está em sorriso?
Testes fonéticos – Os sons emitidos são considerados adequados ou possuem alguma alteração? Em caso positivo, esta alteração tem relação com a forma, posição e tamanho do lábio?
Tamanho e proporção dental – O estudo do Visagismo Do Sorriso demonstra que existem proporções entre altura e largura dos dentes consideradas ideais. O paciente apresenta esta proporção adequada? em caso negativo, quais as causas desta desproporção? Como resolver isto com um tratamento adequado e com um custo adequado?
Preservação ou restabelecimentos da guia anterior – Quando nossa mandíbula faz uma movimentação para os lados ou para frente, ela deveria tocar apenas nos dentes anteriores, pois os dentes posteriores não foram feitos para sofrer este tipo de atrito. Porém, é comum que os dentes anteriores, com o passar dos anos, sofram desgastes e deixem de ter esta função, sobrecarregando os dentes posteriores. Nestes casos, é necessário reconstruir o formato correto dos dentes anteriores, devolvendo o equilíbrio da mordida.
Forma e comprimento radicular – Raízes mais longas apresentam um “travamento” superior no osso, quando comparadas às raízes mais curtas. É importante que o profissional esteja atento a este detalhe, pois isto altera profundamente a forma de tratamento.
Suporte periodontal – Periodonto é a area da odontologia que estuda o osso e gengiva que estão ao redor do dente, e que fazem seu suporte. Quando este periodonto está em condições saudáveis, o dente apresenta-se firme e sem sangramento gengival. Isto permite um correto tratamento, com um resultado considerado estável (não se altera com o passar do tempo).
O sorriso gengival pode ser corrigido através dos seguintes procedimentos:
Gengivectomia e gengivoplastia – cirurgia em que o excesso de gengiva é removido, visando restabelecer o contorno harmônico da margem gengival
Cirurgia ortognática – é uma solução definitiva, onde a altura da maxila é diminuída. É realizada em ambiente hospitalar após o adequado preparo ortodôntico.
Aplicação de toxina botulínica (Botox e outras marcas comerciais) – com uma pequena aplicação em cada lado da face consegue-se controlar o tracionamento do músculo responsável pelo levantamento do lábio superior, diminuindo o aspecto gengival do sorriso. Este tratamento não é definitivo, pois a toxina deve ser reaplicada de 4 a 6 meses, aproximadamente.
Facetas de porcelana e/ou lentes de contato – Em algumas situações não são suficientes os procedimentos listados acima. Nestes casos podemos lançar mão de tratamentos nos próprios dentes, como restaurações em resina, facetas de porcelana e as chamadas “lentes de contato”.
Embora a escolha pelo tipo de tratamento seja feita pelo paciente, o dentista propõe a conduta mais indicada para cada caso. Para isso, ele leva em conta o histórico dos problemas bucais, a queixa em relação ao sorriso gengival, a existência ou não de deformidade esquelética, os riscos, vantagens e desvantagens de cada técnica.
Tratamentos através ortodontia e cirurgia ortognática são procedimentos complexos, de alto custo e que demandam tempo considerável, e por isso têm sido menos frequentemente recomendados para tratamento do sorriso gengival.