Um dos fatores causadores relacionados ao aparecimento do bruxismo (ato de apertar e/ou ranger os dentes) está o estresse relacionado ao nosso dia a dia.
Diversas são suas consequências: dentes quebrados; dentes trincados; retrações de gengiva; sensibilidade dentária (também chamada sensibilidade dentinária); inflamação da polpa dental, gerando desconforto nos dentes de forma generalizada; perda óssea; reabsorção radicular (quando as células do próprio organismo reabsorvem a raiz do dente); desgaste na superfície do dente; gerando um perfil estético envelhecido.
O bruxismo pode ser classificado como Bruxismo noturno (enquanto dorme) e Bruxismo em Vigília (quando acordado).
Num passado recente, o bruxismo noturno era considerado mais deletério ao sistema estomatognático (sistema mastigatório) do que o bruxismo em vigília. Atualmente há uma preocupação maior com os efeitos do contato dental, sem a interposição do bolo alimentar, durante longos períodos, mesmo sendo de baixa intensidade (bruxismo em vigília).
Num artigo publicado em 2008, Carvalho e colaboradores avaliaram a prevalência de bruxismo em policiais militares do Maranhão. Com uma idade média de 33,5 anos de idade, foi encontrado bruxismo em 33,3% dos policiais (num total de 81 policiais estudados). Este número está em acordo com a literatura científica, que aponta cerca de 40% da população desta faixa etária como bruxomala. Neste estudo, os critérios utilizados para o diagnóstico de bruxismo foram: presença de facetas de desgaste nos dentes associadas ao auto-relato de ranger os dentes; sensibilidade dolorosa nos músculos masseter e temporal e desconforto dos músculos da mandíbula ao despertar. Dentre os policiais classificados com estresse (13,6% do total), 81,8% apresentavam sinais e sintomas de bruxismo.
É importante salientar que apenas a presença de facetas de desgaste nos dentes não é fator para diagnóstico de bruxismo. Nestes casos, a procupação é muito maior em relação à dieta acidogênica, que promove uma desmineralização do esmalte e dentina, deixando os dentes mais frágeis em relação ao atrito entre eles.
O termo bruxismo foi definido como um distúrbio de movimento caracterizado pelo apertamento e/ou ranger dos dentes durante o sono, seguido de desgaste dentário, ruídos e desconforto nos músculos mastigatórios (ASDA – Associação Americana das Desordens do Sono)
O início do bruxismo tem aparecido em idades cada vez menores, pelo aumento de ansiedade nas crianças, causado pelo grande número de atividades a que estas são submetidas. Na faixa etária dos 20 aos 50 anos, aumenta a prevalência de portadores do bruxismo, e acima dos 60 anos, este número decresce.
Durante muito tempo, os fatores morfológicos foram considerados como causadores do bruxismo (ausência de dentes, oclusão incorreta, etc). Porém, estudos atuais demonstram que o aspecto oclusal tem pouca ou nenhuma interação com o bruxismo.
Já os fatores patofisiológicos são mais relevantes diante da possibilidade de serem causadores do bruxismo. São eles: alterações químicas cerebrais, distúrbios do sono, uso de medicamentos, fumo, drogas e álcool, fatores genéticos. Estes fatores podem aparecer como consequencia da depressão, estresse emocional e ansiedades. Além de serem iniciadores, podem também promover a perpetuação, tratamento, frequencia, duração e severidade do bruxismo.
Ahlberg et al., em um estudo com 211 pacientes, verificaram que sinais relacionados à DTM, estresse, desordens de sono e sintomas variados de dor eram associados com bruxismo freqüente.
Ainda não existe um critério objetivo para o diagnóstico do bruxismo. O exame que mais se aproxima é a polissonografia. Porém, esta é cara e necessita o deslocamento do paciente até o centro de diagnóstico.
Portanto, concluímos que o bruxismo é uma alteração funcional, que possui variados fatores causais e/ou de risco, de difícil diagnostico e que necessita de controle para que seus danos sejam os menores possíveis.
Ahlberg K, Ahlberg J, Könönen M, Alakuijala A, Partinen M, Savolainen A. Perceived orofacial pain and its associations with reported bruxism and insomnia symptoms in media personnel with or without irregular shift work. Acta Odontol Scand 2005;63:213-7
Carvalho, SCA et al. Associação entre bruxismo e estresse em policiais militares. Rev. Odonto Ciênc. 2008; 23(2):125-129